Este na foto é meu grande amigo Roberto Oliveira. É ator e diretor de teatro, embora não acredite que faça bem nenhuma das duas coisas. No máximo, engana. Prefiro omitir meus comentários para não magoar o amigo. Roberto tem 53 anos e chega nesta idade com tremendas reflexões pesando, incomodando, perturbando sua cabeça. São dúvidas terríveis à respeito do passado, do presente e do futuro. Sente como se os 50 anos fossem um divisor de águas, a descida da serra da vida, lomba abaixo na velocidade vertiginosa dos tempos pósmodernos. Tenta agarrar-se à vida e aproveitar o mais que pode, mas percebe que a vida lhe escapa por entre os minutos perdidos e então tenta inutilmente recontar os minutos perdidos, o tempo perdido, detectar as escolhas erradas, contabilizar os fracassos do percurso e chegar a aniquiladora sensação de ter feito mais de 90% das suas escolhas erradas. A demolidora certeza de ter fracassado. Afirmou para mim, que acha-se um artista medíocre e medroso e que, em diversos momentos, deparou-se com a barreira concreta dos seus limites intransponíveis, fracassando na missão auto-imposta de construir uma obra perene, quando lida com uma arte absurdamente efêmera. Fico pensando, cá com meus modestos botões: uma pessoa que pensa assim, vai continuar pensando assim pelo resto da vida, e então, daqui há, digamos, 10 anos, estará pensando se não errou nas escolhas que fez durante estes 10 anos. Ou, pior, pensando nas escolhas que está fazendo agora, e errando, sem saber o que é certo e o que é errado. Levado por uma profissão que lhe encantou desde a primeira vez que representou, mas que, até o presente momento, deve responder diariamente porque é necessário continuar, acreditar. E sempre a dúvida. E em todos os tempos, condenado. É possível. É bem possível. Mas são apenas reflexões de um amigo que durante toda a sua vida foi levado impulsivamente a fazer suas escolhas. Com as mulheres, todas, acertou sempre em cheio. Com o teatro, com a profissão, ele não tem tanta certeza. Apenas pequenas reflexões que acompanham este senhor.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário