Tive oportunidade de estar perto dela. Dizer a oportunidade de conhecê-la, seria um exagero. Eu estava trabalhando como diretor de palco numa das edições do Porto Alegre em Cena em que ela era uma das mega atrações do Festival. Sua peça seria apresentada no Teatro do SESI. A produção do Festival teve que aumentar o palco, pois não tinha a profundidade que Pina achava necessário que tivesse. Primeiro chegou o responsável pela montagem com um batalhão da auxiliares alemães e brasileiros. Depois, chegavam as produtoras e camareiras e todo pessoal que prepara a produção, Checavam cada item. Mais tarde chegavam os bailarinos e preparadores e ensaiadores. Ela era a última pessoa a chegar no teatro. Tinha secretária pessoal e secretária executiva. Tinha até um anotador de erros. Tinha uma estrutura que só alemães conseguem ter. Além dos japoneses, é claro.
Na última apresentação ela mandou reunir todas as pessoas que haviam trabalhado durante a realização do espetáculo e deu um singelo presente e um breve discurso de agradecimento que foi traduzido pela sua intérprete pessoal.
Claro que saber que quem está ali falando, ali na tua frente, ali te olhando nos olhos é a própria Pina Bausch já amplia e deforma totalmente a importância do evento. Dá um peso tanto para o discurso, quanto para o momento. Mas, posso jurar que emanava dela uma energia cálida, uma autoridade imanente, um carinho transcendente. Guardei o momento na minha memória. E também a camiseta pólo preta do Tahztheater Wuppertal - Pina Bausch - Porto Alegre - 2006.
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