segunda-feira, 28 de setembro de 2009

MODESTAS MULHERES


Sobre não deixar passar em branco. Esta maravilhosa criatura da natureza, Brigitte Bardot completa 75 anos. A atriz francesa que mais atiçou a imaginação masculina. Comparável apenas a Marilyn Monroe, sua cópia norte-americana. Belíssima cópia, diga-se de passagem.
M.F.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

QUARTET - POA EM CENA


O XIV Porto Alegre em Cena encerra em gran finale. Não poderia ser melhor. O Espetáculo é um arraso. Simplesmente fiquei em suspenso, extasiado, estupefato. Cada quadro era mais deslumbrante do que o anterior. O teatro elevado a categoria de arte. Bob Wilson realizou uma encenação definitiva para a peça de Heiner Müller.
Quartet é uma adaptação de Heiner Müller do romance As Relações Perigosas de Choderlos de Laclos, escritor francês do século XIV que ganhou notoriedade com a publicação deste livro em forma de correspondência entre pessoas ligadas entre si.
Tudo funciona. Um show de tecnologia bem colocada. Surpreendente. Imagens belíssimas.
Isabelle Huppert está maravilhosa. O elenco é afinadíssimo, ensaiadíssimo.
Pura arte: harmonia, precisão e beleza.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

PRÊMIO BRASKEM - POA EM CENA



Em noite de gala e festa, com todos os indicados bem trajados e prontos para subir ao palco (porque afinal, nunca se sabe qual vai ser o resultado), o grande vencedor foi o espetáculo O Sobrado, que levou o Troféu Braskem oficial e do júri popular na categoria melhor espetáculo. O prêmio de melhor direção ficou com Zé Adão Barbosa, melhor atriz para Araci Esteves e melhor ator para Daniel Colin.
É... premiação é premiação. Concordemos ou não, é dado o resultado e temos que engolir e aplaudir. Escrevi engolir, mas poderia ter escrito aceitar. Como sempre tem gente pensando mal sobre o que escrevo, esclareço que considero resultado de premiação igual a resultado de edital ou concurso: ganhe quem ganhar, o que vale é sempre o resultado que é e não aquele que eu gostaria. Do contrário, eu seria sempre premiado e todos os meus projetos seriam aprovados.
Da comissão que elegeu os vencedores faziam parte Renato Mendonça e Roger Lerina da ZH, Vera Pinto do CP e Hélio Barcellos Jr do JC. Todos reconhecidamente próximos do meio teatral. Calejados espectadores de longa data. Mas, mesmo com todo este currículo, durante o coquetel houveram várias manifestações de surpresa e até de desagrado em relação aos resultados. Posso dizer que até mesmo alguns vencedores não concordaram com prêmios recebidos por outros ganhadores. Então, é como eu digo: é mesmo assim quando se trata de premiações: tem que engolir e aplaudir.

Maravilhoso mesmo foi o pocket show do Nico Nicolaiewski. Cada vez melhor este guri. A sonoridade que extrai do piano, a suavidade da sua voz, a sua veia rockeira, tudo encanta.
Só me resta repetir a frase do Nico: parabéns aos que foram premiados e parabéns, também, aos que não o foram.
M.F.

domingo, 20 de setembro de 2009

VAN GOGH - POA EM CENA

Van Gogh só no gogó: texto, texto, texto. Uma encenação às escuras, sem nenhum realce, que não acrescenta nada. Cenário pobre como aqueles das peças de baixo custo feitas no DAD. O ator, Fernando Dianesi, enfrenta um tour de force e percebe-se que teria as forças necessárias para alcar voô, mas não decola nunca. Se fossemos (tem acento ou não tem? se tiver coloquem com a imaginação, pois ainda estou re-aprendendo o Português pós reforma.) desenhar o um gráfico representando a peça, perceberíamos que o ator traça sucessivas ondas sempre da mesma amplitude dramática. Começa de leve e vai subindo até um acesso de raiva ou de loucura. Depois recomeça tudo outra vez. Como a direção não instiga, não propõe nada além das nuanças e inflexões do texto, pouco acontece e a platéia apenas vislumbra a sombra da loucura de Van Gogh, e passa ao largo do profundo desespero e angústia de viver que o pintor manifestava através de cartas enviadas ao seu irmão Theo, que era o seu grande e fiel patrocinador. Ficamos apenas na reflexão intelectual.
Outra coisa: só porque a peça é em espanhol é dispensado o uso da projeção de legendas. Quando o ator fala "silla roja", por exemplo, no mínimo um terço da platéia não sabe do que se trata. Daí, a peça fica toda entrecortada por palavras que, percebe-se, parte do público não compreende. Distancia o espectador do espetáculo.

RAINHA(S) - POA EM CENA

As Rainhas acabaram apresentando-se no Theatro São Pedro. Georgette Fadel sempre maravilhosa, inteiraça. O prazer com que ela atua é visível. A peça faz aquela conhecida e "moderna" desconstrução à la Enrique Dias em Ensaio.Hamlet e A Gaivota. Quase uma fórmula. Mas o resultado é (novamente) muito bom. As duas estão afinadíssimas.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O DRAGÃO - POA EM CENA

Fortíssimo. Corajoso. Emocionante. Impactante. Trágico. O Dragão.
M.F.

CRU, BEM CRU - POA EM CENA

Cru, espetáculo da Cia Teatral Atores Reunidos, de Caxias do Sul, idealizado, dirigido e muitas outras coisas por Raulino Prezzi.
Minha sugestão é colocar novamente no fogo. Tem que cozinhar mais. Está demasiadamente cru pra gente saborear. Dramaturgia fraquíssima, atuação fraquíssima. Atores despreparados para realizarem as tarefas exigidas pelo diretor e pelo espetáculo.
A peça é moralista. Pretende ser provocativa e é cheia de pudor. Amadora e quase adolescente nas suas propostas.
M.F.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

FANDO & LIS - OFF POA EM CENA

Estes dois porcos estão aí, com suas asas fechadas, só porque ainda não consegui uma boa foto da peça pra ilustrar este comentário. Ainda tem mais uma quarta pra assistir Fando & Liz lá no Ocidente, Palco Ox. Aliás, um espaço bem bacana que eu ainda não conhecia. Mas (e crítico sempre tem um "mas"), o pessoal do Ocidente tinha que colocar um equipamento de luz mais moderno e adequado ao lugar. Um lugar diferente, tão bacana, e com uma iluminação tão ruim. Tem que investir. A luz da peça é ruim, tipo: "vamos fazer o melhor com o que se têm".  E o melhor somente seria bom com um equipamento melhor.
A peça me pegou no começo, no primeiro ato. Depois foi me cansando até a exaustão. Racho a conta entre a encenação e o autor. Começo pelo autor. Fernando Arrabal (sim, o mesmo que veio no Fronteiras do Pensamento e se pegou com o Gerald Thomas), é o autor de O Arquiteto e o Imperador da Assíria, A Bicicleta do Condenado e Cemitério de Automóveis. Estas, talvez, sejam as mais famosas. Principalmente a última, depois da celébre montagem do diretor franco-argentino Victor Garcia. Mas, Arrabal possui uma extensa obra poética, cinematográfica e dramatúrgica. Entre as quais, Fando & Lis, escrita em 1955, quando o autor tinha apenas 23 anos, que é, mais ou menos, a idade de Fando, o personagem da peça. Arrisco dizer que Arrabal ainda não tinha o domínio da dramaturgia do absurdo, que veio a adquirir em O Arquiteto e o Imperador da Assíria escrito em 1966, e considerada sua mais importante e significativa e encenada obra. Assim, acho que nesta peça Arrabal comete o pecado da prolixidade e da repetição exaustiva dos mesmos temas. Peca também por tecer um teatro do absurdo muito na casca. Quase óbvio nas imagens que cria e a representação da realidade a que nos remete. Merecia cortes no texto, talvez adaptações. Como isso não foi feito, aí começam os pecados da encenação.
CONTINUA EM BREVE.
M.F.
M.F.

A VIAGEM DE GIACOMINA - POA EM CENA


Assisti a viagem de Giacomina. É mesmo uma viagem. Fragmentos, silêncios e muita viagem. Não sei porquê, não consegui viajar na peça. Giacomina partiu e me deixou ali, sentado assistindo uma peça de teatro de bonecos de pau.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

VOCA PEOPLE

Show de vozes: todos cantam muito e muito bem, o conjunto é afinadíssimo e o som de primeira. Show de performance: uma sucessão de intervenções bem humoradas com o público, elevam o astral da platéia. Tudo é tão up que o espetáculo termina deixando todo mundo muito, muito feliz. Uma coisa Brodway.
Já o repertório nem tanto. Tem um bloco inteiro daquelas chatérrimas músicas americanas, aqueles sucessos internacionais insuportáveis.
Show de luzes: são tantas moving-ligths circulando pelo palco que chega uma hora que a gente cansa de tanto efeito de iluminação. Efeitos vazios, bem entendido.
M.F.
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NELSON RODRIGUES BUARQUE DE HOLLANDA - POA EM CENA

Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, com direção de Zé Henrique de Paula. A direção é limpa, bem marcada e recheada de momentos "teatrais". A inserção de canções criam hiatos e fico pensando qual a real necessidade dramática deste recurso? As muitas canções (11) às vezes nos distanciam da tragédia. Quando cantadas pelo conjunto de vozes do elenco aparecem com força e propriedade. Porém, no solos, nem sempre alcançam o objetivo lírico e/ou dramático.
O coro engraçadinho, homossexual e debochado também atenua os possíveis efeitos trágicos.
M.F.


DOR À LA FRANCESA - POA EM CENA

Achei a primeira parte extremamente chata. Não suporto mais ouvir todo aquele bla-bla-blá europeu sobre a a segunda guerra mundial, sobre os campos de concentração e os seis milhôes de judeus mortos. É assunto por demais batido. Passei a me interessar pela peça quando o Roberto volta pra casa. A encenação vai por aquele viés da leitura dramática. Tipo as últimas experiências do Aderbal Freire Filho e suas quatro horas de leituras encenadas. A atriz é excelente, sutil.
A propósito, os franceses, invadidos na II Guerra, também mataram milhares de pessoas quando ocuparam o norte da África.
M.F.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

AS NOITES DO BARQUEIRO

Numa violenta tempestade um barco vai à pique. Seu comandante consegue alcançar uma ilha e torna-se um naufrago. Da ilha enxerga um farol que se encontra no lugar para onde navegava. Sozinho e prisioneiro na ilha desabitada, o comandante divaga e reflete sobre o destino do homem, sobre o sentido da existência. Caronte. Robinson Crusoé. Tom Hanks.
Texto solo de alta carga poética dirigido pelo autor Samir Yazbek (o mesmo de O Fingidor e A Entrevista), e interpretado por Hélio Cícero, tarimbado ator que com este espetáculo festeja seus 30 anos de carreira. Ambos são oriundos do CPT de Antunes Filho.
Assisti a um ensaio do espetáculo, depois vi a estréia e a seguir, a segunda apresentação. O teatro é mesmo um ser vivo. Impressionante o crescimento da peça de uma ocasião para outra. A performance se alterou sempre para melhor. A integração dos diversos elementos do espetáculo afinou-se um pouco mais.
Na primeira noite os aplausos foram apenas protocolares. Na noite seguinte o silêncio do público era pesado e significativo e os aplausos vieram carregados de calor. A performance de Hélio Cícero foi, na primeira noite, muito técnica, exterior. Na segunda, foi quente, carregada de nuanças e força dramática.
Minhas observações sobre cada uma das apresentações chamam atenção para o fato de que o teatro além de efêmero, é extremamente sensível para se fazer acontecer. O público da segunda apresentação assistiu um espetáculo completamente diferente daquele que foi visto na noite de estréia.
Me chamou atenção o fato de que todos os elementos da peça querem aparecer com igual intensidade. É a procura da harmonia no exagero. São vários os elementos utilizados pelo diretor. Signos em profusão e completa autonomia. Assim, parece que a trilha sonora é tão importante quanto o cenário que é tão importante quanto a luz que é tão importante quanto o texto que é tão importante quanto o ator. O ator interage com praticamente todas as coisas do espetáculo, mas mesmo assim, cada um dos elementos destaca-se por si só. O cenário é muito bonito. Um tanto pret-à-porte, ou seja, serve para muitas peças. A iluminação é um ponto alto do espetáculo, mas está ali sempre presente, sempre extremamente a vista do espectador. A trilha sonora é composta de sons dissonantes, fortes. Os vários adereços que surgem de maneira surpreendente, logo se mostram uma incógnita. Cada um espectador os lê como bem entender e, penso, que muitas vezes o público não alcança os significados possíveis contidos nos adereços.

sábado, 5 de setembro de 2009

O BAIRRO


Na foto, que eu não sei de quem é, estão Marco Antônio Sório e Sérgio Lulkin numa cena da peça O Bairro que eu tive o imenso prazer de assistir neste feriadão teatral que me propus a fazer. Não gosto de soldados marchando, sabia que não viajaria no feriado, só me restava ir ao teatro. Comecei bem com a peça da Ana Paula Zanandréa. O segundo dia, sexta-feira, foi um golaço. Mais uma aula de teatro essencial. Fiquei maravilhado com a sinceridade das interpretações, se é que se pode usar esta palavra "interpretação" para o trabalho apresentado pelo conjunto de atores da peça. Essencial. O texto é tão inteligente que às vezes se repete. Apesar dos vários nomes e personagens a peça poderia ser um monólogo. Mas, acaba sendo melhor fazer um monólogo com cinco atores do que com apenas um. O risco de ficar chato é bem menor. A peça é muito boa. Se voltar, não percam. Um exemplo de excelente teatro.
M.F.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O PAÍS DE HELENA - TEATRO ESSENCIAL

Foi a melhor foto que eu achei. Acho que a foto é do Kiran, porque ele é que anda fotografando a peça desde antes do seu nascimento. Na foto aparecem Elisa Volpatto e Priscilla Colombi. Excelente a direção da Aninha (Ana Paula Zanandréa). Excelentes as atrizes, mas, sem dúvida, a segunda citada é impagável no divertido jogo que propõe à platéia. O primeiro ato é o melhor de todos. O segundo está sem ritmo. E o terceiro, que deve o ser o que menos foi passado, carece de aprofundamento. As atrizes apenas repetem parte do repertório já utilizado.
Assisti a peça em uma de suas apresentações obrigatórias. Era o início do processo. Estava monótono. As atrizes já traziam em si a chama, mas a direção ainda procurava caminhos. Agora é outra coisa. O espetáculo se concretiza. Cria (junto com as atrizes, é claro) uma forte empatia com o público. Tem limpeza e precisão. Saiu boa esta guria.
Espertamente, a Aninha fez um monólogo com duas atrizes. Dividiu o papel único entre as duas intérpretes e escapou dos problemas de encenar um monólogo.
Modesto Fortuna