quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A ÚLTIMA LIÇÃO


Enquanto não recomeça e programação teatral da cidade, aproveito para ir ao cinema. No seu aniversário de 92 anos, Madi, abre um espaço pra falar com a família e conta seu projeto de "partir" em algumas semanas enquanto ainda tem força. Revelação dura de engolir para o casal de filhos. Enquanto eles têm a expectativa de ver a mãe envelhecer, Madi acredita que já envelheceu demais e que se não tomar uma atitude agora talvez não tenha energia para por fim a sua vida. 
A partir dessa situação vemos a filha aos poucos compreender e apoiar a decisão da mãe, e, ao contrário, o filho apegar-se a ideia pre-concebida de que a mãe deveria seguir o curso da vida até o final.
O filme tem alta carga dramática e exala sensibilidade, tanto no roteiro, na leveza das imagens e nas excelentes interpretações. Mesmo colocando um assunto "pesado", o diretor imprime uma dinâmica de cortes e cenas que mantém o espectador dentro da narrativa o tempo inteiro.
Uma verdadeira aula de vida e de dignidade humana. Um tema, certamente, polêmico. Mas, se pensarmos no crescimento da população mundial de idosos, veremos que a discussão procede. Em breve, os idosos atingirão a marca de 50% do total de habitantes do planeta, e haverá uma aumento crescente daqueles indivíduos que escolherão o seu momento de morrer. Não como um suicídio precoce, mas como uma saída digna num ponto da vida no qual o leque alternativas fica em viver com os filhos, mudar-se para um asilo ou, a pior das hipóteses, morrer num hospital. Todas as alternativas são terríveis. O filme provoca várias reflexões e encontra eco em muitos sentimentos que trago comigo. E olha que eu tenho apenas 62 anos, enquanto a personagem (Madi) já carrega o peso de 92 anos de vida. 

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