sábado, 26 de junho de 2010

MADUREIRA 1 X ELES 0

Foto: Jorge Scherer

Vi Parasitas no Instituto Goethe. Corre lá que talvez ainda de tempo de ver. Se já acabou, espere e vá ver na Álvaro Moreyra. Informe-se sobre a nova temporada.
O texto é de dramaturgo alemão Marius von Mayenburg. O texto é tão inteligente e tão carregado de um humor caústico (e agora: caústico é com ou sem acento? problemas com a reforma ortográfica), que lá pelas tantas a gente cansa um pouco. É moderno, fragmentado, forte, e plenamente eficaz, no sentido de que interessa ao espectador porque fornece pistas sobre a história, ou melhor, sobre uma história que você constrói junto com o autor. Mas, sabe quando você já entendeu a "história", e o autor continua explicando-a mais um pouco? Pois é justamente aí que cansa.
A direção é de João Pedro Madureira, que teve sua proposta escolhida entre outras nove e foi contemplado no Concurso para Novos Diretores de Teatro, promovido pelo Goethe e pela Coordenação de Artes Cênicas. Topou o desafio de encenar a peça num prazo relativamente curto com uma grana apertada. O trabalho é íntegro, moderno e acentuadamente inteligente. Madureira mostra seu talento. Acompanhando o texto de Mayengurb, o diretor coloca tanta "marquinha" de efeito na peça que chega uma hora que a gente cansa um pouco de tanta inteligência e criatividade. Trabalha muito bem com focos múltiplos e colabora com o autor ao prender a atenção da platéia.
Mas o que ganha a gente mesmo, o que mais chega a platéia, pelo menos o que mais me atingiu, foram as preciosas interpretações de Patrícia Soso e Priscilla Colombi. Que beleza. Que força magnética. Assim dá gosto de ir ao teatro. Léo Maciel, de quem gostei tanto em Clowssicos, parece preso numa camisa-de-força, e não é por representar um paraplégico. Apresenta uma interpretação descontinua, sem ritmo, que muitas vezes perde força e atração. Francisco Gick é o velho Multscher só porque está escrito no texto e é falado na peça. Não convence nem aqui nem na China.
A tendência é a peça crescer na temporada da Álvaro. Vale à pena conferir. Com certeza, a platéia presente na sessão que assisti, mostrou-se interessada nestes personagens de Mayenburg, cuja relação se caracteriza pela sentença: ruim comigo, pior sem-migo.

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