Van Gogh só no gogó: texto, texto, texto. Uma encenação às escuras, sem nenhum realce, que não acrescenta nada. Cenário pobre como aqueles das peças de baixo custo feitas no DAD. O ator, Fernando Dianesi, enfrenta um tour de force e percebe-se que teria as forças necessárias para alcar voô, mas não decola nunca. Se fossemos (tem acento ou não tem? se tiver coloquem com a imaginação, pois ainda estou re-aprendendo o Português pós reforma.) desenhar o um gráfico representando a peça, perceberíamos que o ator traça sucessivas ondas sempre da mesma amplitude dramática. Começa de leve e vai subindo até um acesso de raiva ou de loucura. Depois recomeça tudo outra vez. Como a direção não instiga, não propõe nada além das nuanças e inflexões do texto, pouco acontece e a platéia apenas vislumbra a sombra da loucura de Van Gogh, e passa ao largo do profundo desespero e angústia de viver que o pintor manifestava através de cartas enviadas ao seu irmão Theo, que era o seu grande e fiel patrocinador. Ficamos apenas na reflexão intelectual.
Outra coisa: só porque a peça é em espanhol é dispensado o uso da projeção de legendas. Quando o ator fala "silla roja", por exemplo, no mínimo um terço da platéia não sabe do que se trata. Daí, a peça fica toda entrecortada por palavras que, percebe-se, parte do público não compreende. Distancia o espectador do espetáculo.
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