segunda-feira, 18 de maio de 2009

ALZIRA POWER - DE VOLTA AO PASSADO



No último domingo fui ao Theatro São Pedro assistir Cristina Pereira interpretando ALZIRA POWER, peça escrita em 1969 por Antônio Bivar. Foi uma verdadeira viagem ao passado, pois no longinqüo ano de 1977, tive minha estréia como diretor justamente com esta peça. No elenco estavam Júlio Conte e Rosa Maria Lima. Velhos tempos.Antônio Bivar, participante ativo do movimento de contra-cultura dos anos 60 e 70, ganhou um prêmio Molière como autor de "ABRE A JANELA E DEIXA ENTRAR O AR PURO E O SOL DA MANHÃ". Com a grana do prêmio pegou sua mochila e foi pra Londres viver as loucuras da geração paz e amor no auge do movimento hippie, flower power, lsd, che guevara e comunidades psicodélicas. Dramaturgo considerado promissor pela crítica, escreveu uma dezena de peças, quase todas numa linha de contestação ao "estabelishment", das quais, "ALZIRA POWER" é uma das mais conhecidas.A peça, que também atende pelo título de "O Cão Siamês", teve sua estréia em 1969 e conta a história da quarentona e solitária Alzira, que depois de aposentada de seu trabalho nos Correios resolve rebelar-se contra os medíocres parâmetros de uma vidinha classe média, e despeja um pouco de sua agrassividade e toda sua libido quando recebe a visita de Ernesto, simplório vendedor de consórcios de automóveis.A versão apresentada nesta montagem, que fez sua estréia nacional no Theatro São Pedro, é absolutamente fiel ao texto e as indicações quanto ao cenário, trilha sonora, climas e figurinos utilizados. Nada de novo. A direção de Gustavo Paso se restringe a seguir tudo aquilo que é indicado pelo texto, traçando uma marcação limpa e um espetáculo apenas correto.O centro por onde gira o espetáculo é a interpretação segura da experiente atriz Cristina Pereira, que prefere explorar a faceta mais aparente e superficial de Alzira, do que descer mais profudamente pela alma da personagem. O vendedor Ernesto é interpretado por Sidney Sampaio, um ator jovem que, se por um lado, não compromete o espetáculo com sua tênue construção, por outro, em momento algum consegue emplogar o público com as idéias que tenta defender durante a peça. Ernesto é mesmo mais "fraco" do que Alzira. Sidney se comporta exatamente assim diante da verve de Cristina Pereira.Enfim, nada de novo no país Teatro. Quem foi assistir não pode reclamar que perdeu seu dinheiro e seu tempo, e aqueles que não foram também não precisam arrepender-se. Ah! O espetáculo é muitíssimo melhor do que a foto distribuída pela divulgação.
M.F.

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