quarta-feira, 13 de maio de 2009

A CRÍTICA DA CRÍTICA



Depois de escutar com o devido respeito e atenção as palavras proferidas na palestra apresentada na noite de terça (8/4) no Teatro do SESC, pela Sra. Bárbara Heliodora, que como apregoa a divulgação trata-se de “uma das críticas teatrais mais temidas e respeitadas do Brasil”, fiquei ruminando algumas coisas: é absolutamente inegável o profundo conhecimento técnico, teórico e prático que ela possui sobre o teatro. Sua vasta cultura, erudição, preparo e brilhantismo ficaram patentes na leitura do texto que ela criou, creio eu, especialmente para o encontro promovido pelo ARTESESC. Defendeu a função da crítica, com um texto elegante, claro, no qual demonstrava suas crenças através de um pensamento fluente, inteligentemente encadeado, sem deixar de ser um tanto esquemático. É indiscutível a vivência teatral de quem assiste, anualmente, perto de 100 espetáculos, como ela mesma afirmou. É simplesmente incontestável a importância do nome Bárbara Heliodora tanto para o exercício da crítica em particular, quanto para o teatro brasileiro em geral. Dona Bárbara é uma apaixonada confessa pela arte teatral. Diz amar o teatro e torna visível este amor com a maneira inflamada e parcial com que manifesta sua visão sobre o que considera bom ou ruim na arte dramática. Na verdade, se detecta que ela ama mesmo o bom teatro, tanto quanto detesta aquele teatro que na sua visão pessoal é ruim. Sua veemência atinge as raias do dogmatismo e da pretensão de ser a dona de uma verdade única, embora negue isso com a mesma ênfase. Para quem lê, mesmo que esporadicamente as suas críticas nas páginas do Jornal O Globo, como é o meu caso, é possível perceber, nas linhas e nas entrelinhas, que por vezes, ela manda às favas a sua apregoada isenção e objetividade, e se deixa levar por momentos de extrema vaidade pessoal, arrogância, crueldade, deboche e até mesmo uma transbordante e destrutiva maldade. Ela diz que todos somos críticos informais quando assistimos qualquer obra de arte, e pensamos se gostamos ou não gostamos, ou quando expressamos nossa opinião numa mesa de bar, o que não deixa de ser uma verdade. Mas querer comparar uma discussão entre amigos num bar com o preto sobre o branco das páginas de um jornal de circulação nacional é, no mínimo, querer minimizar o seu poder diante da platéia.

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