O fabuloso Grupo Galpão vem de surpresa a Porto Alegre trazendo dois espetáculos praticamente em segredo. Fez uma apresentação de O HOMEM É UM HOMEM no estacionamento da Usina e duas de PEQUENOS MILAGRES no Theatro São Pedro. Esta última, comemora os 25 anos do Grupo Galpão e conta quatro histórias escolhidas entre as mais de 600 cartas que o Grupo recebeu a partir da campanha "Conte sua História" proposta como ponto de partida para a criação do espetáculo que foi dirigido pelo londrinense Paulo de Moraes, diretor da Armazém Cia de Teatro, atualmente estabelecida no Rio de Janeiro e conhecida entre nós pelas montagens de "Alice Através do Espelho", "Pessoas Invisíveis" e, mais recentemente, "Toda Nudez Será Castigada" que integrou a grade do último PoA em Cena. Reconhecido como um dos grandes diretores brasileiros da atualidade, Paulo de Moraes, maneja com segurança e inteligência os mecanismos da direção teatral, mas assistindo seus três ou quatro últimos trabalhos pode-se perceber certas repetições nas soluções e o surgimento de um estilo, uma receita teatral. Este espetáculo do Galpão é limpo, bem marcado, com uma concepção clara e passagens de cenas bem delineadas. A peça vai conquistando o espectador aos poucos com a história escolhida para servir de ligação entre as outras, "Cabeça de Cachorro", brilhantemente interpretada por Antônio Edson, o querido e carismático Toninho. Em "Casal Náufrago", o público ja está na mão dos atores e totalmente envolvido pela peça. O elenco do Galpão, esbanja segurança e unidade, aproveita sua maturidade para divertir-se em cena. Destacam-se as interpretações de Lydia del Picchia vivendo a esposa Cinira e o ja citado Antônio Edson que interpreta o menino João. Acima, escrevi o fabuloso Grupo Galpão. O "fabuloso" se refere ao fato de o Galpão ser uma referência clara no teatro nacional e também, já que acompanho seus trabalhos há mais de 15 anos, porque sempre, em todas as montagens, mantém um nível de excelência técnica e artística que impressiona. Ver o Galpão sempre é bom. Se, peças como "Um Trem Chamado Desejo"ou "A Rua da Amargura", não possuem o brilhantismo e carisma de "Romeu e Julieta", que foi o espetáculo que projetou nacionalmente o grupo, acho extraordinário que cada uma destas montagens mantenham para o espectador tudo o que se espera do fabuloso Grupo Galpão.
M.F.
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