
Denis Guénon
Somente uma peça assim pra me trazer de volta ao perigoso mundo da crítica teatral. Deixei para o último final de semana da temporada, mas não para o último dia, e fui ver TERESA E O AQUÁRIO, novo trabalho do diretor João de Ricardo. Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito num sábado. A peça é simplesmente encantadora. Não percebi o tempo passando, embora quando acabou eu achasse que era mesmo chegada a hora de acabar. Precisão, talvez esta seja a palavra. João de Ricardo manobra com precisão cada um dos elementos cênicos. Atores, iluminação, trilha sonora, tudo é tratado com carinho e com a importância devida na constituição do espetáculo. Criatividade, talvez seja a palavra, porque João e com certeza toda a sua afinada equipe (atores, dramaturgo, multimídia, etc) esbanjam na criação de imagens que causam forte impacto sensorial em seus espectadores. Achados maravilhosos. Propostas radicais, ousadia. Ousado, talvez seja a palavra. Ousado. Isso. Achei que era um espetáculo que ousava em tudo e em cada uma de suas propostas. Da utilização de imagens ao trabalho de ação vocal dos atores; da dessacralização destes mesmos atores ao arrojos experimentais da trilha sonora. E viva a ousadia!! Fazia tempo que uma peça não me provocava tanto. No marasmo desértico que anda o nosso teatro, ver a peça do João é como chegar num oasís. A construção dramaturgica de Diones Camargo é raro brilho, principalmente na voz e no corpo dos atores. Lisandro Belotto com um trabalho honestíssimo, entrega total. Irretocável. De Sissi Venturin só me queixo do cabelo sobre o rosto o tempo inteiro como em Andy/Edie. Maravilha. Parabéns a todos pela realização. Este é sem dúvida o melhor trabalho realizado dentro deste concurso do Palco Habitasul. Este é o melhor trabalho realizado pelo João até agora. Não vi Extinção. Mas vi Andi/Edie. E vi a inovadora montagem de A Serpente. A peça fica com a gente, fica na gente. Remexeu o meu aquário de imagens, recordações, situações. Teatro puro.
M.F.
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